12 de agosto de 2011

Instituições, Cerimoniais e Sacramentos Religiosos – Celeiro do Atraso Espiritual e do Charlatanismo

Instituições, Cerimoniais e Sacramentos  Religiosos – Celeiro do Atraso Espiritual e do Charlatanismo
A igreja, do grego ekklesia que em seu sentido original significa cidadãos reunidos, não pode ser definida em termos de instituições e cerimoniais mas em relacionamentos pessoais e espirituais. E por isso, quem sabe não seja a hora de abolir definitivamente todas as instituições religiosas, sacramentos e práticas cerimoniais, grande celeiro do atraso espiritual e do charlatanismo. 
Algumas organizações e práticas apenas servem aos aproveitadores que, para obter vantagens pessoais, manipulam o sentimento religioso popular, deitando e rolando em cima da angústia e sofrimento alheio. Não foi por acaso que as palavras mais duras de Jesus foram dirigidas justamente contra esses mercenários travestidos de “ungidos” e de “líderes” religiosos, que dando a si mesmos o título de “representantes” de alguma divindade se fingem de santos e enganam suas vítimas. Não foi por acaso que esses charlatães foram chamados de “túmulos caiados de branco” pelo carpinteiro de Nazaré.
É a qualidade do relacionamento pessoal e da postura espiritual que define quem é quem naquele mundo espiritual e ideal onde “o menor é o maior”. Exatamente o inverso do que vemos ao nosso redor onde as pessoas são capazes de fazer qualquer coisa, até mesmo matar ou morrer, para alcançar o poder ou ocupar uma posição de destaque em suas relações econômicas e sociais.
Tanto os profetas de Israel como Jesus e os apóstolos, travaram uma luta mortal contra o sistema legalístico onde religiosos e governantes, num esforço conjunto, impõem suas vontades sobre o povo, forçando a submissão a leis e intrincadas regras impossíveis de cumprir e que nem mesmo os autores dessas leis seguem.
Temos visto, desgraçadamente, como os chamados cristãos, com seus líderes religiosos e governantes, através da história, percorrem os mesmos caminhos dos seguidores de Baal e dos assassinos daqueles que levantaram sua voz contra a escravidão e injustiça na terra. Em nome da obediência a toda sorte de despotismo foram esses mesmos facínoras que defenderam a teocracia de Calvino em Gênova, o nazismo de Hitler em Berlim e atualmente dão suporte ao imperialismo capitalista que leva metade dos habitantes do planeta a viver com menos de 1 dólar por dia (segundos dados fornecidos no início deste mês pela ONU). É irônico o fato de que não há nenhuma passagem em toda a bíblia que seja tão citada como o capítulo 13 de Romanos. Na verdade, a famosa epístola aos Romanos, longe de ser um documento formal, cuidadosamente organizado e meticulosamente elaborado, foi de fato dirigida a pessoas em um momento e local específico, uma simples carta de caráter pessoal que após cumprir seus objetivos imediatos seria descartada. Tudo o mais escrito e vivido pelo apóstolo vai no sentido oposto ao legalismo ou à obediência ao governo. Não podemos esquecer que ele foi morto por desobedecer ao governo. Sua própria labuta revelou que viver sem governo significa viver entre as pessoas e eventos assumindo uma postura de caráter diferenciado traduzida em espontaneidade e integridade na responsabilidade pessoal, coisa bem distinta de leis e códigos estereotipados que destoam da essência daquilo que se pratica, onde é exigido aquilo que é impossível de ser cumprido.
A lei traz consigo a escravidão, um não convive sem o outro. Não há liberdade sob a lei.
De qualquer forma, é difícil deixar de ter uma total aversão ao mundo sobrenatural que envolve os cerimoniais e as instituições religiosas, com seus santos, pecadores, deuses, anjos, demônios, milagres, etc. O charlatanismo que permeia esse ambiente em nada contribui no deslindamento e na análise da experiência humana. Sem pretender sentar na cadeira de juiz, e diante da dificuldade em separar o especialista do charlatão, cabe aqui três considerações:
Primeiro, tudo que envolve cerimoniais e instituições religiosas pode não passar de produto de uma imaginação fora do comum, uma reedição das velhas superstições ou, na pior das hipóteses,  uma deliberada exploração da credulidade humana por parte de mercenários ou exibicionistas.
 
Baal. Senhor. Possuidor. O deus sol, cujo centro de adoração era a Fenícia, donde se irradiou para os países vizinhos. Diante do templo de Baal os pais sacrificavam seus filhos, passando-os pelo fogo.
Carta de Paulo aos Romanos. Foi escrita durante o famoso quinquênio Neronis AD 54-59, durante o governo de Sêneca e Burrus. Muitos acreditam que as recomendações paulinas sobre obediência à autoridade governamental dizem respeito àquele governo específico no tempo em que a carta foi escrita. Segundo eles, naqueles anos, qualquer tentativa de rebelião na Judéia ocupada dificilmente teria o aval da participação popular, surpreendentemente favorável aos governantes, coisa muito rara nas terras dominadas pelo Império Romano.
Martelado ao infinito tanto na literatura cristã como nas pregações nas igrejas; nenhuma outra passagem bíblica tem trazido tantas monstruosas conseqüências à humanidade como o capítulo 13 da carta aos Romanos.
Aquele diminuto grupo local de cristãos constituídos em sua maior parte por escravos e pequenos comerciantes não possuía qualquer tipo de responsabilidade ou de influencia nos assuntos públicos. É difícil imaginar um homem como Paulo, que morreu sob uma espada a mando do governo romano, usando essa linguagem referindo-se aos últimos césares, mesmo que, por absurdo, seus procônsules ou procuradores fossem íntegros e honestos.
Aparte disso também há uma possibilidade, embora remota, de tratar-se de uma descarada inserção bem ao gosto e estilo dos poderosos de todas as épocas. As provas em que se apoia essa teoria são os antigos manuscritos de Tertuliano, Ireneu, Cipriano e Marcion, onde determinadas passagens são deliberadamente omitidas, levando a crer que o escrito original de Paulo era bem menor que o que aparece hoje. O capítulo 16 por exemplo destoa completamente do corpo da carta como um todo, contendo claros indícios de que se destina aos Efésios e não aos Romanos.
 

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