12 de agosto de 2011

Não é preciso ser homofóbico para ser cristão

Vejo crescer no Brasil um movimento contra a política social de cotas, contra a política anti-homofóbica e contra a figura de Lula enquanto um migrante nordestino que foi operário (E os evangélicos, como é de costume, seguem). Lula deu motivo para que uma série de piadas surgissem, e isso encobriu o preconceito deslavado. É claro que um "analfabeto" na presidência não é melhor que um "estudado", mas apesar de todo o descalabro petista, Lula está longe de ser burro e analfabeto.
Na verdade eu não estou muito preocupado com o Lula, mas o preconceito contra ele chega até os nordestinos, negros, prostitutas e gays. E também as políticas sociais vindas do seu governo foram tomadas como favoráveis não à ampliação da democracia, mas a um tipo de ditadura das minorias. Eu sei que a maioria pode decidir para onde a sociedade quer ir, mas nunca aceitar que a sociedade impeça que as minorias existam e se expressem livremente.
Os discursos que atacam negros partem do problema das cotas, mas querem chegar a uma espécie de "Apartheid", na manutenção da segregação, não cruzamento de etnias etc. Isso é repugnante, pra não dizer nojento!! 
Agora que os negros estão exigindo políticas sociais surgem dúvidas sobre a cor, justamente na hora do negro entrar na universidade. O incrível é que a polícia não tem dúvida nenhuma, a segregação social também não, nem mesmo o púlpito das igrejas. A universidade pública não pode escolher o negro porque ela continua sendo o templo dos louros, somente a periferia, o crime, o rap e a pobreza podem escolhê-lo (Por exemplo, na Universidade Federal da Bahia já vigora a política de cotas mas muitos negros não conseguem se beneficiar por não terem condição nem de pagar os R$ 90,00 da inscrição).
Com relação aos gays, a igreja evangélica fala em nome do status quo da maioria contra uma suposta ditadura dos gays. Mas ela ainda vê o homossexual como o doente, o monstro, o anormal e o transgressor. Simplesmente não há possibilidade dela integrar o homossexual. Quando a igreja se opõe a política anti-homofóbica, ela está dizendo claramente que não se importa com os homossexuais e com sua causa. A igreja como um todo diz que os gays podem ser gays desde que bem longe de seus membros e especialmente de suas crianças. Na verdade ela está dizendo que ninguém pode ser gay.
Agora que os crentes inventaram que os gays querem fazer uma ditadura de costumes, por que eles não dizem se realmente estão vivendo o que pregam? Por que não dizem se eles são mesmo heterossexuais como dizem ser? Pois alguns ditos crentes que atacam a política anti-homofóbica são gays enrustidos que vivem uma mentira, ou seja, não tem a menor coragem de sair do armário. O mal de alguns setores da igreja não está no movimento gay, no movimento feminista, nem na esquerda e nem mesmo no satanismo. O mal está dentro da própria igreja. Os escândalos que o digam.

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